A matéria publicada ontem no Jornal Estado de São Paulo (Aquecimento global afetará principais capitais do País), baseada no artigo publicado recentemente na revista "Climate Change" coloca em debate a vulnerabilidade das cidades frente às mudanças climáticas globais. Embora o estudo não se valha do conceito de vulnerabilidade propriamente, a abordagem utilizada deixa claro que um dos aspectos importantes na análise dos impactos das mudanças ambientais globais é entender melhor os aspectos sociais e institucionais que cercam a capacidade adaptativa e o potencial de resiliência das cidades.
Para aqueles que se interessam na relação entre População e Ambiente, esta é uma abordagem que contribui na perspectiva da interdisciplinaridade necessária para o avanço dessa área. Nessa mesma direção, mas sob um olhar crítico e demográfico, inicia-se hoje o Cyberseminário organizado pelo PERN (Population Environment Research Network), da IUSSP (International Union for the Scientific Study of Population), com o tema "Bringing the Population-Sustainable Development Debate to a Higher Level". Para participar, basta se inscrever seguindo as instruções do site. Os debates serão em inglês.
No mesmo tema, encerra-se este mês o prazo para envio de resumos para o "International Seminar on Population Dynamics and the Human Dimensions of Climate Change", organizado pelo painel sobre mudanças climáticas da IUSSP em colaboração com a Universidade Nacional da Austrália. As submissões devem ser realizadas online através do site da IUSSP.
O tema ambiental estará na pauta de grande parte da mídia e da própria comunidade científica nos próximos meses, pois ocorre entre 13 e 22 de junho, no Rio de Janeiro, o mais importante evento mundial sobre o tema, a Rio +20. E a demografia é um dos temas que na maioria das vezes é tratada apenas sob uma perspectiva malthusiana, atribuindo ao crescimento da população a responsabilidade dos problemas ambientais. Apesar de todos os estudos que há mais de 20 anos já consolidaram a área de População e Ambiente dentro da IUSSP e da ABEP, ainda vemos o debate malthusiano sendo levado à mesa de discussões.
Enfim, inserir a questão demográfica nos estudos ambientais não é apenas trata-lo como número. Há muito mais elementos para serem entendidos nessa relação e trata-lo como número é um retrocesso de décadas de investimentos em estudos demográficos. Para esclarecer alguns destes pontos a ABEP deverá lançar no início de Junho o livro "População e sustentabilidade na era das mudanças ambientais globais: Contribuições para uma agenda brasileira", aguarde...
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